sexta-feira, novembro 19, 2004

Hoje tive uma aula de Linguagem na Criança muito interessante (e para eu dizer isto é porque foi mesmo muito interessante, já que normalmente acho essas aulas uma seca). A primeira parte da aula consistiu em elaborarmos uma lista de procedimentos para uma tarefa tão simples como tomar banho. Ou seja, tínhamos que definir todos os passos que uma criança tem que dar desde o momento que entra na banheira até ao momento em que põe o pé cá fora de novo. Há que definir todos os pormenores, desde o sítio onde está o chuveiro até ao tipo de banheira em questão. No caso exemplificado, a criança sofria de uma hemiplegia (dificuldades em movimentar a metade esquerda ou direita do corpo), o que tornou a tarefa muito mais complicada. Há coisas que não temos a noção de serem complicadas, quando na realidade são. O simples facto de a criança ter que se virar para molhar todo o corpo exige um grande esforço e muitos passos para que não acabe numa queda. A questão que fiz a mim mesma, e que mais tarde foi esclarecida pelas Terapeutas que nos deram a aula, era em que tipo de contexto um TF teria que dar indicações a uma criança para tomar banho. Concerteza não seria em contexto de sessão em gabinete, certo? O facto é que existem programas de avaliação e intervenção que incluem vários profissionais de saúde e também visitas ao domicílio. E para os pais da criança, um Terapeuta é sempre um Terapeuta, não interessa se é da fala ou ocupacional. Há muito mais para além de nos sentarmos num gabinete com uma criança e fazermos os joguinhos para que ela aprenda a produzir correctamente uma palavra ou uma frase. Há toda uma vivência da criança, todo um contexo à volta dela, e compete ao TF (e também aos outros profissionais envolvidos no programa) ter consciência de dificuldades para além daquelas que estão directamente relacionadas com a Fala e a Linguagem, e saber como gerir e diminuir (se possível) essas dificuldades.
A segunda parte da aula consistiu em três role-playings protagonizados pelas duas Terapeutas, nos quais uma delas fazia de Terapeuta e outra de criança, que estava a ser sujeita a um processo de avaliação através de um jogo (avaliação naturalista). Não vou estar a descrever cada um dos “casos”, apenas saliento que há muitas vantagens neste tipo de avaliação informal, uma vez que não se limita a descrever quantitativamente as competências da criança, como é feito nas escalas de avaliação formal.
Gostei muito, foi uma aula que permitiu crescer o meu espírito de pseudo-terapeuta :-)

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