sábado, outubro 22, 2005

A Deficiência Auditiva – Breve introdução

Ao dizermos que um indivíduo é deficiente auditivo estamo-nos a referir a uma análise puramente clínica à qual foi submetido (avaliação audiométrica), tendo essa análise o objectivo de determinar quanto o indivíduo não ouve, ou seja, o grau de perda auditiva. Se, por outro lado, nos referimos a um indivíduo como surdo, estamos a considerar todas as implicações que esse grau de perda auditiva tem na sua vida.
Assim, depois de feitos os exames audiométricos necessários, é determinado o grau de surdez do indivíduo:

Surdez Ligeira:
20 – 40 dB

Surdez Moderada:
1º Grau: 40 – 50 dB
2º Grau: 50 – 70 dB

Surdez Severa:
1º Grau: 70 – 80 dB
2º Grau: 80 – 90 dB

Surdez Profunda:
1º Grau: 90 – 100 dB
2º Grau: 100 – 110 dB
3º Grau: Igual ou Superior a 110 dB

O dB (decibel) é a unidade de medida da intensidade do som. É importante referir que a intensidade normal da nossa fala se situa nos 20 dB (considerando as variações normais da intensidade da fala). Os valores indicados nos intervalos que definem os graus de surdez indicam, então, a intensidade a partir da qual o indivíduo ouve, ou seja, para um surdo profundo, por exemplo, qualquer som com intensidade inferior a 90 dB não é captado pelos seus ouvidos.
Podemos falar de três tipos de audição, são elas Audição Normal, Audição Funcional e Audição Residual. Na definição destes tipos de audição, não entra apenas o input auditivo, ou seja, ao definir-se o tipo de audição de uma criança (ou adulto) tem-se em conta não só a informação que recebe pela via auditiva, mas também os outros canais pelos quais recebe informação, sendo o visual o primordial, geralmente. Há ainda que ter em conta que os tipos de audição que serão descritos posteriormente consideram a adaptação de próteses auditivas. Assim, Audição Normal é a capacidade de poder discriminar qualquer som da fala e qualquer combinação entre eles, independentemente do seu significado. Este tipo de audição é possível de ser atingida por crianças com surdez ligeira ou surdez moderada de 1.º grau. A Audição Funcional caracteriza-se pela capacidade de poder reconhecer e entender mensagens verbais que foram previamente ensinadas, ou seja, as mensagens verbais que lhes chegam espontaneamente não são entendidas. Estas crianças aprendem, então, a ouvir através de um ensino formal. Conseguem atingir este nível funcional de audição crianças com surdez moderada de 2º grau, algumas crianças com surdez severa e parcialmente por algumas crianças com surdez profunda de 1º grau. Por fim, na Audição Residual a criança não é capaz de discriminar auditivamente qualquer mensagem verbal, no entanto os resultados melhoram quando é usada a leitura de fala, ou seja, pela leitura labial estas crianças conseguem chegar à discriminação de algumas mensagens verbais. Este tipo de audição é o objectivo mínimo a atingir em crianças com surdez profunda de 2º e 3º graus.
Quando uma criança nasce surda, há que ser feita a escolha do modo de comunicação mais adequado. Deve ter-se em conta se existem no contexto da criança outros surdos com quem possa gestualizar e avaliar a capacidade de poder vir a desenvolver fala. Se a criança controla o interlocutor pela audição, nunca será uma gestualista pura, mas isso não implica que não use o gesto, principalmente nos primeiros tempos, sob a forma de português gestualizado, ou seja, acompanhar a fala com gestos, com as mesmas regras da língua portuguesa. Há ainda a opção da Língua Gestual Portuguesa, utilizada normalmente por surdos filhos de pais surdos, sendo esta a sua língua materna.
Muito fica a dizer sobre a surdez, tal como as formas como é transmitida e recebida informação e a intervenção do TF nesta área. Mas isso ficará para uma próxima oportunidade.

Fonte:
Apontamentos da cadeira de PCIT III – Deficiência Auditiva, do 2º semestre do 2º ano, do ano lectivo 2004/2005.

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